Modelo de Negócios
No estudo “KPMG - Autonomous vehicles readiness index 2019”, projeções baseadas em números públicos e levantamentos próprios apontam que o futuro ecossistema de mobilidade em construção tem potencial de geração de receita cerca de dez vezes mais do que o modelo atual, com praticamente 50% dessa receita tendo origem em novos serviços.
A maioria dos executivos entrevistados acredita que o atual modelo de negócios da indústria automotiva vai mudar radicalmente nos próximos dez anos. Essa é uma visão alinhada com a edição mais recente da GAES.
Entre os que concordam com a hipótese anterior, a maioria sinaliza que a prestação de serviços é o caminho mais provável e que será necessário revisar o método atual de avaliação de participação no mercado com base em vendas unitárias.
O atual modelo de negócios da indústria automotiva, baseado puramente em produzir e vender veículos, vai mudar radicalmente no Brasil nos próximos dez anos
As montadoras passarão a gerar mais receita a partir da prestação de serviços do que da venda de veículos no Brasil nos próximos dez anos (para quem concordou com a pergunta acima).
Avaliar a participação no mercado simplesmente com base em vendas unitárias é um método que será revisto nos próximos anos no Brasil, passando a englobar outros indicadores que melhor representem os serviços que serão ofertados pelas montadoras (para quem concordou com a pergunta acima).
A modalidade de vendas diretas foi apontada com destaque pelos entrevistados como uma forma de comercialização que tende a se ampliar ainda mais nos próximos dez anos no Brasil. Assim, ao mesmo tempo em que o modelo de negócios atual precisa mudar, a necessidade de manter a ocupação das fábricas continua sendo imperativa.
Nos próximos dez anos, a representatividade da venda direta nos resultados da indústria:
A maioria dos executivos brasileiros reconhece nas startups e nos centros de pesquisa das universidades potenciais parceiros na construção do futuro ecossistema de negócios da indústria automotiva. Também, majoritariamente, o Rota 2030 foi apontado como incentivo para o setor continuar investindo em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).
Mas, ao mesmo tempo em que a conveniência e a necessidade dessas parcerias são reconhecidas, o estudo também demonstra que falta clareza aos executivos sobre como viabilizá-las.
Existem instituições de ensino que oferecem programas de cooperação com a iniciativa privada e o poder público que são capazes de participar desses processos de inovação a custos muito convenientes.
Na construção do futuro ecossistema de negócios da indústria automotiva brasileira, é imperativo estabelecer parcerias com startups.
Sua empresa tem uma estratégia de investimento e um modelo de organização claros sobre como trabalhar com startups no Brasil (para quem concordou com a pergunta acima)?
Na construção do futuro ecossistema de negócios da indústria automotiva brasileira, é imperativo estabelecer parcerias com centros de pesquisa das universidades.
Sua empresa tem uma estratégia de investimento e um modelo de organização claros sobre como trabalhar com centros de pesquisa das universidades no Brasil (para quem concordou com a pergunta acima)?
“A velocidade da transformação digital não tem impactado somente a
indústria automotiva, mas também diversas outras, como mídia, varejo,
finanças, saúde etc., todas com modelos de negócio apoiados por cadeias
de suprimento e canais de distribuição complexos.
Parcerias com startups são um excelente caminho para incorporar camadas
tecnológicas aos negócios, seja aperfeiçoando eficiência e/ou viabilizando
novas ofertas, através de ciclos de inovação cada vez mais curtos, em linha
com o perfil de produtos e serviços demandados pelos novos
padrões de consumo dos clientes”.
Oliver Cunningham, Sócio-líder de Innovation e Digital Transformation, KPMG no Brasil
O viés de estímulo ao investimento em P&D no Brasil inserido no contexto do ROTA 2030 incentivará a aproximação da indústria automotiva com as startups e os centros de pesquisa das universidades?
“O ROTA 2030, além de beneficiar as montadoras que já se aproveitavam do programa anterior (Inovar-Auto), também beneficia diretamente as autopeças e demais empresas que atuam na cadeia de fornecedores da indústria. Entre os investimentos contemplados no incentivo fiscal, além dos gastos com P&D tradicionais, podem ser incluídos no programa dispêndios com conectividade, soluções de mobilidade e logística, nanotecnologia, big data, data analytics e inteligência artificial. Isso é sem dúvida um enorme avanço e uma sinalização clara por parte do Governo que gastos relacionados com novas tecnologias, feitos diretamente ou em parceria com startups/ centros de pesquisa públicos e privados, são essenciais para garantir o investimento que o setor já vem fazendo e deverão se intensificar exponencialmente nos próximos 15 anos de vigência do programa”.
William Calegari, Sócio-líder para ROTA 2030, KPMG no Brasil