Receptividade à Inovação
No capítulo “Veículos elétricos”, destacamos que o perfil do consumidor brasileiro é reconhecidamente early adopter quando o assunto é adoção de tecnologias inovadoras.
Com base nessa premissa, entendemos ser apropriado testar algumas hipóteses relacionadas à inovação e ao comportamento e, assim, mais uma vez avaliar o nível de alinhamento de opinião entre a indústria e os seus consumidores.
Primeiramente, propusemos dois cenários envolvendo a alternativa de uso do smartphone ou kit multimídia, ambos acionados via comando de voz. Quando o objetivo era consultar uma informação qualquer, a maioria dos executivos entendeu o smartphone como a melhor opção, porém quase 60% dos consumidores apontou o kit multimídia como preferência, valendo destacar a discrepância significante de posicionamento entre as faixas mais jovem e mais velha.
Supondo que um cliente dentro do veículo possa ter acesso a uma mesma informação (endereço, programação do cinema etc) através do smartphone ou do kit multimídia, em ambos os casos fazendo uso de comando de voz, a opção preferencial deste cliente será:
Supondo que você esteja dentro de um veículo e possa ter acesso a uma mesma informação (endereço, programação do cinema etc) através do seu smartphone ou do kit multimídia, em ambos os casos fazendo uso de comando de voz, sua opção preferencial será:
Por outro lado, quando o objetivo passou a ser uma operação de compra, tanto executivos quanto consumidores se alinharam na opção pelo smartphone, valendo destacar mais uma vez discrepância significativa de posicionamento entre as faixas mais jovem e mais velha.
Supondo que um cliente dentro do veículo possa adquirir um produto (roupa, livro, lanche etc) através do smartphone ou do kit multimídia, em ambos os casos fazendo uso de comando de voz, a opção preferencial deste cliente será:
Supondo que você esteja dentro de um veículo e possa adquirir um produto (roupa, livro, lanche etc) através do seu smartphone ou do kit multimídia, em ambos os casos fazendo uso de comando de voz, sua opção preferencial será:
Também testamos a receptividade do consumidor quanto à possibilidade de alugar um veículo e utilizar um serviço de mobilidade na hipótese de ambos serem oferecidos por uma montadora.
Na alternativa de locação, cerca de 30% de executivos e consumidores demonstraram interesse nesta perspectiva, com a preferência de ambos recaindo na empresa de tecnologia como prestadora deste serviço.
Chama atenção o fato de as locadoras não terem sido apontadas como opção número um pela maioria dos consumidores, ressalva feita para a faixa mais jovem. Também merece destaque o nível de aceitação conquistado pelas montadoras, especialmente na faixa de consumidores mais velhos, tratando-se de um serviço ainda hipotético. (*)
Supondo que um cliente possa ter a opção de alugar um veículo através de uma locadora tradicional, uma empresa de tecnologia, ou através de uma montadora, a opção preferencial deste cliente será:
Supondo que você possa ter a opção de alugar um veículo através de uma locadora tradicional, uma empresa de tecnologia, ou através de uma montadora, sua opção preferencial será:
Na alternativa relacionada a serviços de mobilidade, o posicionamento tanto de executivos quanto de consumidores foi bem mais comedido com a hipótese de eles serem prestados pelas montadoras. A preferência de ambos, em sua maioria, recaiu nas empresas de tecnologia.
Considerando a resposta de quase 20% dos consumidores que escolheriam esses hipotéticos serviços de mobilidade oferecidos pelas montadoras, cabe à indústria automotiva uma profunda reflexão sobre as oportunidades dessa tendência em médio/longo prazo. Especialmente considerando o risco de um outsider se posicionar primeiro nesse mercado.
Supondo que um cliente possa ter a opção de utilizar um serviço de mobilidade através de uma operadora tradicional, uma empresa de tecnologia, ou através de uma montadora, a opção preferencial deste cliente será:
Supondo que você possa ter a opção de utilizar um serviço de mobilidade através de uma operadora tradicional, uma empresa de tecnologia, ou através de uma montadora, a sua opção preferencial será:
O brasileiro está disposto a trocar a posse de um carro pelo serviço de mobilidade?
Muito tem sido comentado, local e globalmente, sobre a tendência dos consumidores passarem a priorizar o acesso a serviços de mobilidade em detrimento da posse dos veículos. Entendendo a influência de fatores culturais, sociais e econômicos neste tipo de decisão, buscamos apurar o ponto de vista dos brasileiros de diversas faixas etárias e residentes em todas as regiões do País.
Questionados sobre o nível de maturidade nacional sobre o assunto, os executivos dividiram-se, principalmente, entre duas respostas: a de que este é um processo ainda embrionário, mas que pode crescer ao longo dos próximos anos; e a de que a resposta do público dependeria da oferta de alternativas de mobilidade na região de moradia, ou seja: quanto menor a oferta, menor a chance de o brasileiro abrir mão do veículo próprio.
Observamos que a visão das empresas está razoavelmente alinhada ao posicionamento dos consumidores: a relação entre posse de veículo e oferta de alternativas de mobilidade na região de moradia foi apontada por mais de 40% dos consultados, enquanto aproximadamente 32% mencionou que se trata de uma hipótese embrionária e com potencial para crescer.
Diante destes resultados, cabe à indústria automotiva uma profunda reflexão sobre a importância de planejar seu posicionamento no futuro ecossistema de mobilidade em construção, tendo em mente a importância de promover a cooperação com outras entidades envolvidas em papéis complementares.
Conforme enfatizado na edição global da GAES deste ano, “no player will be able to manage it alone”.
A cultura dos consumidores brasileiros está madura para substituir a posse do veículo por serviços de mobilidade?
“Um dos insights mais importantes trazidos
pela pesquisa é sobre a receptividade do consumidor em
relação às novas tecnologias. Para o jovem, a escolha natural é o
smartphone. Entre os mais experientes, a preferência recai sobre
o kit multimídia.
O automóvel vai se transformar numa plataforma conectada,
assim como é o smartphone. A partir do momento em que nós
oferecermos essa facilidade dentro do automóvel, as pessoas vão
ver que isso será parte do seu dia a dia, vão poder abastecer seu
carro, reservar shows, cinema etc.
Outro ponto a salientar é a percepção de que os consumidores
ainda não enxergam as montadoras como empresas que possam
oferecer serviços, como a locação de um automóvel. Mas eu
acredito que, em breve, com a oferta de serviços de mobilidade e
de tecnologia pelas montadoras, e com a facilidade para integrar
tais serviços num único produto e num único ‘local’ — isto é, no
automóvel —, as facilidades parecerão muito atrativas e fáceis
para o consumidor. Então este será, eu diria, seu caminho natural:
escolher uma montadora para fazer o aluguel de um automóvel, o
car-sharing e as suas compras. No futuro, como a montadora vai
ser a integradora, ela naturalmente vai chamar essa preferência
para si, tornando-se a integradora de todos esses serviços. Porque
o carro vai ser a plataforma final, eu diria, do negócio.
É claro que a montadora não vai fazer isso sozinha, mas com
parceiros. Então, não haverá risco para nenhum dos atuais players
do mercado. O futuro que eu vejo é de ‘ganha-ganha’ para todos
os setores: tecnologia, serviços e para as próprias empresas que
fabricam automóveis hoje”.
Fabrício Biondo, Vice-Presidente de Comunicação, Relações Externas e Digital do Grupo PSA na América Latina
*No período de coleta destas opiniões, nenhuma montadora oferecia este serviço no Brasil