GAES 2019 - Brazilian Chapter

Veículos Elétricos

Impulsionada por políticas industriais, bem como pela crescente onda de conscientização ecológica da sociedade, a indústria automotiva vem investindo fortemente na direção da eletrificação de seus produtos no futuro próximo.

De acordo com o estudo “Global EV Outlook 2018”, da Agência Internacional de Energia, as vendas de carros elétricos em todo o mundo já ultrapassaram 1 milhão de unidades em 2017, representando um salto de 54% em comparação com o ano anterior.

Esse ritmo de crescimento acelerado também está refletido na edição mais recente da versão global da GAES. Nesse estudo, os executivos entrevistados projetaram que os carros elétricos representarão cerca de 70% de toda a frota global em 2030.

Neste capítulo brasileiro, no entanto, os executivos demonstraram ceticismo sobre a viabilidade de produção e oferta desses produtos no mercado local, pelo menos no curto prazo. Porém, de forma surpreendente e totalmente oposta à percepção da indústria, 90% dos consumidores afirmam que já gostariam de encontrar carros elétricos disponíveis para compra. Essa foi uma das principais desconexões entre os dois públicos detectada nesta pesquisa.

Esse posicionamento arrojado por parte do consumidor brasileiro está, no entanto, totalmente coerente com seu perfil já reconhecidamente interessado em adquirir tecnologias inovadoras.

Os estudos "O Uso do Código de Barras no Brasil: Empresas e Consumidores", desenvolvido pela Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil em 2016, e “Security Index”, realizado pela multinacional de tecnologia Unisys no ano seguinte, já apontavam a expansão da parcela de consumidores brasileiros conhecidos como early adopters.

São prioritariamente adultos na faixa dos 25 aos 44 anos, bem informados, influenciadores nas decisões de compra de pessoas próximas, e que anseiam por experimentar, o quanto antes, as novidades tecnológicas.

Este resultado suscita reflexões relevantes para uma indústria que busca aprimorar o conceito customer centric.


Temos acompanhado investimentos maciços no desenvolvimento de veículos elétricos ao redor do mundo, mas a iniciativa ainda é tímida no Brasil, seja pelos elevados custos envolvidos para a produção local, seja os altos impostos de importação, e também por possuirmos alternativas energéticas como etanol e gás natural com uma rede de distribuição já estabelecida. Neste cenário, você concorda que há viabilidade para a oferta de veículos elétricos no Brasil?

Qual sua opinião sobre a viabilidade de produção de veículos elétricos no Brasil?

Temos acompanhado investimentos maciços no desenvolvimento de veículos elétricos ao redor do mundo, mas a iniciativa ainda é tímida no Brasil. Você gostaria de ter veículos elétricos à disposição para compra no Brasil?

Região

O interesse enfático do brasileiro em adquirir um veículo elétrico e novas tecnologias poderia ser capaz de reverter a tendência atual da troca da posse por serviços de mobilidade, na opinião de quase 70% desses respondentes. Novamente há um descolamento de ideias, identificando-se maior cautela na resposta dos executivos quando submetidos ao mesmo questionamento.

Supondo que a adesão dos brasileiros às soluções de mobilidade esteja acontecendo de forma consistente, a oferta de veículos elétricos (nas mesmas condições comerciais dos veículos atuais), com toda sua inovação tecnológica e experiência de direção diferenciada, será capaz de reverter esta tendência.

Supondo que a adesão dos brasileiros às soluções de mobilidade esteja acontecendo de forma consistente, a possibilidade de comprar um veículo elétrico (nas mesmas condições comerciais dos veículos atuais), com toda sua inovação tecnológica e experiência de direção diferenciada, será capaz de reverter esta tendência.

Quando questionados sobre as opções de motorização, mais uma vez os consumidores demonstraram interesse diferenciado pela propulsão elétrica. Considerando os próximos cinco anos, somente 24% deles não fizeram a opção por esta alternativa.

Provavelmente retratando suas necessidades de curto prazo, os executivos têm uma visão diferente: mais da metade deles ainda aposta em uma grande oferta de veículos com motor a combustão.

Qual sua visão sobre a prioridade de oferta de veículos aos brasileiros nos próximos cinco anos no que diz respeito a alternativas de propulsão?

Que tipo de veículo você gostaria de comprar nos próximos cinco anos?

No que se relaciona às políticas governamentais que possam incrementar a venda e a produção de veículos elétricos no Brasil, caberia ao Estado, no ponto de vista dos executivos, instituir políticas de incentivo à produção local como forma de expandir a participação dos carros elétricos na indústria e no mercado nacional. Por sua vez, os consumidores defendem a implementação de políticas de incentivo que tenham por objetivo principal baratear o custo de aquisição desses mesmos veículos.

Como você ordenaria a prioridade das ações abaixo para tornar os veículos elétricos mais atrativos no mercado brasileiro?

“Os resultados consolidados da pesquisa da 1a edição da GAES - Brazilian Chapter no que se referem à eletrificação estão, de forma geral, em linha com a nossa visão sobre o futuro. Acredito que ainda teremos, durante algum tempo, a tecnologia híbrida como a principal do País especialmente por conta do etanol, uma vez que nunca é demais lembrar que, graças à tecnologia Flex Fuel, o Brasil já é um dos países com menor índice de emissões de CO2 do mundo.

Em função disso, avalio que o híbrido flex será a tecnologia com maior potencial e diferencial no mercado local, com os veículos elétricos devendo atender mais às demandas nas grandes cidades no médio prazo, especialmente para uso compartilhado ou pequenas entregas.

O Brasil tem um grande diferencial em relação às outras localidades por conta de sua matriz energética renovável. Dessa forma, acredito que o desenvolvimento de soluções locais seria mais produtivo e eficiente. Será necessário que o governo e seus diversos agentes adotem políticas públicas integradas para substituição da frota atual por veículos mais limpos e eficientes, mas que não precisarão ser necessariamente 100% elétricos”.

Besaliel Botelho - Presidente da Robert Bosch América Latina